quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Copa Sul-Americana: Sem brilho, São Paulo é eliminado pelo Libertad-PAR

http://p2.trrsf.com.br/image/fget/cf/619/464/img.terra.com.br/i/2011/10/26/2085678-7784-rec.jpgMerecida. Essa pode ser a palavra que resume a trágica noite de quarta-feira para o São Paulo, eliminado nas oitavas-de-final da Copa Sul-Americana após derrota por 2 x 0 para o Libertad em Assuncion, no Paraguai.

Libertad 2 x 0 São Paulo - Sem alma

Por Fernando Surur

A equipe, que jogava pelo empate, após vencer o jogo de ida por 1 x 0 no estádio do Morumbi, mais uma vez fez uma partida abaixo das expectativas, não se encontrou em boa parte do jogo e na reestréia do técnico Emerson Leão, amargou outra eliminação em 2011, a terceira em menos de dez meses. Agora o sonho em conquistar um título e até brigar por uma vaga para a Taça Libertadores da América em 2012 parece missão impossível neste momento, tamanha a crise, que definitivamente, parece ter estacionado no clube.
Resta agora concentrar o foco nas últimas sete partidas restantes no Campeonato Brasileiro e almejar, ao menos, uma vaga no torneio intercontinental. No domingo, o São Paulo viaja até São Januário para enfrentar o líder Vasco, que carimbou passagem para a próxima fase da Sul-Americana depois de aplicar impiedosos 8 x 3 no Aurora, da Bolívia. Como agravante, além de Dagoberto suspenso, o time não deverá contar com o goleiro Rogério Ceni e o atacante Luis Fabiano, ambos lesionados.


Primeiro tempo insosso

Em menos de dez minutos de partida, o Libertad já havia criado ao menos duas boas oportunidades e o São Paulo apenas assistia o adversário. Prova disso foi o gol da equipe da casa com nove minutos da etapa inicial, após pênalti infantil cometido por Luis Fabiano em cima de Maciel. Na cobrança, Aquino fez 1 x 0 Libertad.

Dali em diante, o que se viu foi um domínio do São Paulo durante todo o primeiro tempo. Mas, um domínio mais na base do abafa, do que propriamente por suas qualidade. O São Paulo se mostra um time que ainda carece de uma formação tática, conjunto e padrão de jogo. A primeira boa jogada da equipe veio aos 14 minutos, com o atacante Dagoberto, que em belo passe, rolou para Pires na direita bater livre de marcação. A bola caprichosamente carimbou a trave do goleiro Medina.

Aos 16 minutos, Dagoberto arriscou de fora da área, mas mandou a bola por cima do gol. Por falar no atacante, chamou a atenção sua escalação em campo. Emerson Leão inverteu a posição de Dagol com Lucas, que jogou mais a frente, enquanto o atacante atuou de forma mais recuada.

Depois dos 20 minutos, o São Paulo tinha o domínio das ações, mas pecava em seus próprios erros. Marlos prendia a bola, Lucas não aparecia para a partida, e Luis Fabiano demonstrava afobação e nervosismo.  O meio de campo cometia faltas bobas, perdia lances em demasia e a zaga, com João Felipi e Rhodolfo, parecia insegura. Na lateral, Pires era pouco acionado e Juan não dava prosseguimento à maioria das jogadas. O mesmo Juan aos 32 minutos desperdiçou boa oportunidade de empatar a partida, após lindo passe de Lucas. Displicente, bateu fraco para a fácil defesa de Medina.

Carlinhos Paraíba ainda arriscou dois chutes de fora da área, defendidos pelo arqueiro paraguaio antes do final da primeira etapa.

Calvário...

O que parecia ruim ficou ainda pior na volta para o segundo tempo. Não iriamos falar sobre a segunda etapa, deixando uma lacuna aqui no TEC como foi a etapa na história do São Paulo. Uma verdadeira folha em branco, sem criatividade, vontade e intensidade, características importantes em fases eliminatórias.

Para ajudar, com dores na coxa, o atacante Luis Fabiano deu lugar a Fernandinho, que ao longo da etapa final, pouco fez. Sempre com jogadas buscando a linha de fundo, foi presa fácil para a marcação do Libertad, se limitando a um pequeno latifúndio que parece ter adquirido no canto esquerdo do gramado do estádio Nicolás Leoz.

Chances de gol? Apenas duas, nos minutos finais, desperdiçadas pelo garoto Lucas. Aliás, como caiu de produção o camisa 7. A CBF tem sido tão indigesta para o tricolor que parece ter conseguido tirar o brilho da mais nova jóia tricolor. Apagado, sem buscar jogo, assim como praticamente todo time, Lucas viu o Libertad liquidar o jogo mesmo se mostrando inferior tecnicamente.

Aos 22 minutos, instantes após Burruchaga colocar o bom atacante Gamarra, a defesa vacilou e deixou Nuñez livre para marcar. O camisa 24 ainda contou com a sorte (seu chute bateu em Ceni, na trave, em Ceni novamente e entrou) e com a colaboração da arbitragem, que não assinalou impedimento em sua jogada.

Fora de jogo ou não, a vontade dos paraguaios em se classificar passa por cima de qualquer erro da arbitragem, que no geral, foi bem conduzida pelo colombiano Wilmar Roldán. Após o gol, o fantasma São Paulo sumiu de vez, e se destacou apenas pelas atuações pífias de outrora boas peças como Rhodolfo, balançado até agora pela proposta da Juventus da Itália e Lucas, já citado. Quanto a Juan, Marlos, Fernandinho, Paraíba, esses já não demonstram há tempo condições de permanecer no elenco. 

No final do jogo, Juan ainda foi expulso e acusou o árbitro de chamá-lo de macaco. Interessante é que na última partida de Leão em torneios continentais o time teve Grafite chamado de macaco também. A diferença é que aquele elenco de 2005 tinha Fabão, Cicinho, Lugano, briosos jogadores que hoje são peças em extinção pelos lados do Morumbi.

Assim, a eliminação em si, já não chama tanto a atenção, tamanha a apatia do elenco. O que realmente surpreende é que com dez meses de temporada, entre idas e vindas de treinadores, o São Paulo parece um time perdido, sem padrão de jogo, sem alma, sem garra. Jogadores acomodados, que passam a impressão de entrar em campo por pura obrigação. A soberba do presidente Juvenal Juvêncio parece ter recaído no grupo de atletas. Somente uma drástica mudança de atitude e comportamento pode alterar a atual fase do clube, que se encaminha para um final de ano melancólico.

FICHA TÉCNICA

LIBERTAD-PAR 2 X 0 SÃO PAULO

Estádio: Nicolás Leoz, em Assunção, Paraguai
Data/hora: 26/10/2011 - 21h50
Árbitro: Wilmar Roldán-COL
Auxiliares: Eduardo Díaz e Wilson Berrio-COL

Renda/público: Não disponíveis
Cartões amarelos: Canuto, Bonet, Benegas e Maciel (LIB); Rhodolfo, Juan, Luis Fabiano e Wellington (SPO)
Cartões vermelhos: Juan (SPO)
Gols: Aquino, 8 minutos/1ºT (1-0); Nuñez, 22 minutos/2ºT (2-0)

LIBERTAD: Bernardo Medina, Bonet, Ismael Benegas, Canuto e Miguel Samudio; Ariel Núñez, Víctor Cáceres, Ayala (Pouso, 31'/2ºT) e Aquino; Maciel (Civelli, 13'/2ºT) e Velásquez (Gamarra, 20'/2ºT). Técnico: Jorge Burruchaga.
SÃO PAULO: Rogério Ceni (Denis, 33'/2ºT), Piris, João Filipe, Rhodolfo e Juan; Wellington, Carlinhos, Marlos (Cícero, 31'/2ºT) e Lucas; Dagoberto e Luis Fabiano (Fernandinho, intervalo). Técnico: Emerson Leão.

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